Ainda com base nos assuntos indígenas.
Quero aqui colocar algumas questões vivenciadas ao longo da vida.
Aos 46 anos de idade já posso dizer que algumas conclusões cheguei. Uma delas é que o preconceito é uma doença séria que a humanidade carrega, como um câncer, uma doença degenerativa e que corroe.
Nesta esfera de quem é indio, quem não é indio, quem quer ser indio, quem não se reconhece como tal, porque não quer, muitos acabam sendo tragados pelo tal preconceito, direto e indireto.
A questão é bem oportuna pelo fato de muitos de nós vivermos na cidade .Alguns nasceram,mas nunca buscaram saber suas origens,nem sabem a que etnia pertencem..A doença do preconceito começa a se manifestar. Quando o indivíduo se assume como indígena, se sente indígena, oque é assegurado constitucionalmente, a sociedade o discrimina. Começam as indagações sobre cor,da pele, cabelo se é liso ou não, misturas que possam carregar além do sangue indígena. Onde quer que nasçamos, mesmo que sejamos criados em outras famílias, um dia, algo irá sinalizar e vamos ter que olhar para nossas raízes, é irreverssível!
Alguns deixarão passar certos detalhes, abafarão dentro de si,outros terão vontade de gritar para o mundo ,o que particularmente admiro .Não podemos ignorar de onde viemos por toda uma vida. e quando nos apropriamos destas informações,integramos um espírito adormecido que quer falar, quer ser livre de preconceitos, ele é como é sem buscar tornar-se.
Temos registros de preconceitos entre irmãos de raça, nas mais diversas épocas da história e isto com certeza não levou a progressos, e sim a guerras que se perpetuam.
A doença do preconceito é terrivel !É um bicho que devora e tortura lentamente.
Pessoalmente vivi e vivo na pele , "alguns preconceitos ",porque o ser humano tem um péssimo hábito de separar por separar , gerando inúmeras diferenças e muros intransponíveis, mas é ele quem os cria.
O desenho atual da humanidade é um desenho enfermo. O ser humano está contaminado, por acreditar mais nas diferanças do que na igualdade e fraternidade e justiça. Perdeu-se muito e agora o tempo urge! Mas a razão principal, ouso dizer que está diretamente ligada ao fato do homem ter se desconectado da Mãe terra.
Podemos recuperar o tempo perdido? Sou da opinião que não podemos recuperar o tempo, mas fazer o tempo agora..Este tempo, é o tempo de acordar para o simples fato que :Preconceito não nos leva à parte alguma. É hora de estirpar este câncer, olhar para realidade e não ter receio de assumir quem fomos, quem somos, para que um mundo igualitário, onde caminhamos ao lado uns dos outros sem querer passar rasteira em ninguém e um mundo de paz, onde encaramos as realidade juntos possa efetivamente se concretizar no aqui e no agora.
Este é um alerta geral. Citei aqui o preconceito quanto ao indígena .O que comentam sobre os indígenas é por vezes absurdo. Aqui cito algumas frase que já escutei:
"Mas você não é "puro" indio, você é aquele lá da beira da estrada, ou , você se veste como caraíba( juruá-não indio), já se envolveu com o branco, se civilizou.", estudou e deixou de ser índio.
Não alimentemos preconceitos, caso contrário acabaremos sendo também discrimindaos de alguma forma, pois a ressonância é um dado real, científico e esta mesma ressonãncia irá nos mostrar que tudo está interligado, que somos todos "UM."Talvez aqui possamos vislumbrar um desfecho feliz desta história.
Agradeço
Liana Utinguassú